LAGOS ANDINOS 2010

Relato de viagem de motocicleta ao Chile e Argentina, conhecendo os lagos e vulcões andinos e a Cordilheira dos Andes. 20 dias de estrada e 8842 KM rodados.


Motocicleta utilizada: Yamaha XT660R 2008

André Martins
Maringá/Paraná
E-mail:
andre@andremotoaventura.com

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

DIA 10: Explorando o Vulcao Osorno - 145 Km

Veja o vídeo com vento fraco !




Hoje foi um dia com emocao exagerada e nao esperada. Saí do hotel 10h30 e devagar rodei os 65 km até o Vulcao Osorno, de longe já dava pra ver, estrada boa e pouco movimento.

Chegando mais perto comeco a subir com "curvas de cotovelo mesmo", umas tinha que colocar primeira marcha devido um pouco de vento...(vento safado, já voce saberá o porque)

Fui serpenteando o vulcao, tinham uns mirantes para ver o visual e descansar, subi de 95 metros até 1250 metros em poucos minutos. O problema foi quando as curvas acabaram e tinha uma reta que dava no lugar onde o pessoal para o carro, dali pra frente só a pé ou teleférico, que estava desativado devido nao ter neve. Quando entrei nesta reta, que dava uns 400 metros, o vento veio com muita forca, me jogou para pista da esquerda e levei um susto tao grande que grudei na moto, fui em zigue-zague, em segunda marcha ate lá em cima, e no fim tinha uma curva que acabava na lachonete ou ponto final, que era terra - quando parei a moto quase fui pra terra mesmo, nao sei ate agora como nao fui pro chao, eu quase nao conseguia parar em cima da moto, tinha gente que quase nao parave em pé, as pessoas mais leves sofriam !..

Quando vi aquilo gelei na hora, os carros balancavam, nao imaginava ter tanto vento assim, desci da moto e tive que ficar segurando pra ela nao cair, balancava muito. Tive que ao mesmo cuidar de mim, da moto e do capacete pra nao cair...se ele caisse ia parar la em baixo....

Fiquei segurando a moto mais de 30 minutos e tentando soltar pra ver se caía, para dar uma volta e pensar no que fazer para ir embora depois. Nao dava pra soltar, o vento empurrava ela pra frente...

Teve uns minutos que acalmou, e consegui leva-la para ao lado da lanchonete, onde segurava o vento... ok, daí consegui respirar e andar atras de informacao sobre como descer e ir embora.

Fui atras de um guincho ou coisa parecida para colocar a moto em cima e descer, mas nao tinha nada, um funcionario me disse que sempre tem gente de moto e sempre foram embora sem problemas, dai pensei: com esse vento moto nenhuma faz a primeira curva na descida. Ele me disse que tem um trecho que tem vento forte mesmo, que seria uns 150 metros destes 400 que falei...era tipo um corredor de vento e sempre vinha da direita da esquerda.

A unica idéia dele foi eu descer pela estrada antiga, que era de terra mesmo (terra vulcanica, preta,) ao lado na nova de asfalto, só que ficava uns 3 metros mais baixa e paralela entao o vento passava por cima, dai fui a pé nestra estrada até lá em baixo pra ver como era o solo, pois era terra vulcanica e eu nao conhecia. Tinha uns trechos tranquilos e outros fofos, umas valas...etc... e no trecho do "corredor de vento" estava mesmo mais fraco, mas ventava mesmo assim.

Subi tudo de novo com aquela roupa toda, e comecou a cair uns pingos, dai disse, "pqp"...mais essa ainda !!!...cheguei la em cima, sentei e descansei uns 20 minutos, os pingos acabaram, pensei e decidi zarpar...liguei a moto e fui.

Os primeiros 100 metros mais ou menos a moto foi escorregando nas pedras e meu pé esquerdo arrastando no chao, as vezes o direito nem dava pé devido o desnivel do terreno...que sufoco...derrepende o vento veio com tudo e travei a roda traseira, a moto derrapou de lado e parou, neste momento senti meu coracao a uns 300 por hora...mas nao caí.

Esperei uns 5 minutos até o vento diminuir...e fui em ponto morto, parei no início do corredor de vento, que eu tinha marcado onde comecava e terminava...esperei e fui, foi indo, escorregando, escorregando e parei de novo para relaxar. Quase no final eu tinha que voltar pro asfalto, e estava a uns 2 metros de mim, numa subida. Daí pronto, como subir este diacho, pqp !!!...fui mais um pouco e o pneu de tras enterrou numa vala, e como sei que na duvida acelera, eu fiz isso e a moto cavucou e jogou pedra pra tras e saiu...eita motoca pronta pra todo terreno, motorzinho 660 valente, bem que chamam a XT660 de trator !!!.....agradeci ela na hora, isso mesmo, eu fui conversando com ela pra sair desta encrenca, pois se caisse poderia quebrar alguma coisa, ter que chamar ajuda, aquela "m". E minha moto tem um sensor eletronico de "tombo", que avisa quando a gente caiu com a moto, se cair ele desregula a injecao eletronica e manda mais combustivel.

Fiquei parado e vi um casal numa motoquinha de 125cc subindo serpenteando tambem, eu levantei a mao e pedi pra parar, eles pararam e eu informei a situacao, ele olhou pra cara da esposa com olhar de assustado...rsss.. Pedi pra ele me ajudar a subir com a moto no asfalto...daí ele foi tentar sair da moto dele, arrumar um jeito deles nao cairem tambem com o vento. Ele veio perto e tive que conversar gritando, o vento nao deixava nem falar direito. Meu "portunhol" nunca saiu tao bem !!

Pois bem, combinamos como subir, eu fora da moto com ela em primeira e devagar, até que entrei no asfalto...nossa, um alívio gigante. Fui descendo com a moto ligada e eu a pé ao lado até passar aquele pedaco de vento. E mais uma encrenca, como era descida a moto nao parava no pesinho por causa do vento, tive que ser ninja e praticamente pular e segurar para nao cair...

Ok, poucos minutos tensos e fui descendo em ponto morto, já estava sem nada de vento...foi aí que percebi minha maos e pernas todas doendo de tanta forca, minhas costas estavam doloridas tambem...tava tudo uma porcaria...rsssss...o coracao voltou ao normal e fui devagar...

La na frente parei comer e beber num quiosque a beira da estrada, e a dona disse que hoje estava realmente fora do comum, muito vento. Eu perguntei pra ela: mas logo hoje ???..me da um sanduba e um suco de abacaxi.




Veja foto do trecho de 400 metros, em terras vulcanicas... vendo agora até parece fácil. Olha o tipo da descida.













Este banheiro ganhou no de Foz, é menor ainda...


E deu tudo certo, amanha vou para a cidade de Pucon e conhecer outro Vulcao, o Villarica.

2 comentários:

Mario Pailo disse...

Caramba, André

Que aventura pra conhecer esse vulcão nessa ventania!

Mas pense, podia ser pior, de repente entrava em erupção!! eheheheh

Grande abraço (e cuidado com o vento!)

Anônimo disse...

Que sufoco em André, quando subi ainda não tinha asfalto e foi com a Bmw F 650 carregada, porem o vento estava calmo. Abraços e boa viagem. Ramon

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